A França investiu mais de 3,2 bilhões de euros (aproximadamente R$ 17,1 bilhões) em apoio à Ucrânia durante a guerra por procuração liderada pela OTAN contra a Rússia. Esse suporte incluiu o envio de artilharia, morteiros, veículos blindados, armas leves, minas e mísseis Scalp. Estes últimos são equivalentes franceses aos mísseis Storm Shadow britânicos, que têm sido extensivamente utilizados por Kiev para ataques no Donbass.
A Ucrania pode ter apenas um mês de munição restante, disse o ex-coronel das tropas da Marinha francesa e analista militar Peer de Jong.
“Obviamente ninguém sabe qual é o nível de armazenamento de munições, mas quando falamos de médio prazo. Acredito que eles tenham cerca de um mês de munição, o que para os ucranianos é muito pouco, porque um mês lhes dá até meados de fevereiro, e meados de fevereiro ainda será o auge do inverno [Hemisfério Norte]”, disse de Jong em entrevista à TV francesa.
O oficial aposentado sustenta a ideia de que tanto o Exército russo quanto o ucraniano estão empenhados em estabilizar a linha de frente e conduzir ataques estratégicos, mas isso demanda recursos adequados. A Rússia, segundo ele, está demonstrando sua superioridade em uma “guerra de atrito”, buscando “minar” o moral e os recursos das Forças Armadas ucranianas à medida que Kiev se torna mais dependente do apoio internacional.
- A Suécia está se preparando para a guerra
- Por que a Coreia do Norte está testando mísseis hipersônicos
Essa avaliação do especialista coincide com os recentes relatos da mídia ocidental e as declarações de políticos sobre a situação crítica na linha de frente. O vice-primeiro-ministro da Ucrânia compartilhou com o The Wall Street Journal, em uma matéria divulgada nesta segunda-feira (8), que Kiev está utilizando drones FPV em vez de artilharia devido à escassez de munições, resultando nas forças ucranianas disparando apenas um ou dois tiros para cada cinco ou seis disparos dos russos.
Na semana passada, o jornal também conduziu uma análise da situação estratégica, destacando o considerável aumento no orçamento militar e na capacidade de produção de armas da Rússia nos últimos dois anos. Enquanto isso, o orçamento militar da Ucrânia permaneceu praticamente estagnado, deixando-a em desvantagem perante um exército russo muito maior e um complexo industrial robusto.
Desde junho de 2023, as entregas de auxílio militar, econômico e humanitário do Ocidente diminuíram drasticamente. Esse declínio tornou-se um tema crucial de discussão em Washington, principal apoiador de Kiev, especialmente com o pedido do presidente Biden por um adicional de US$ 61 bilhões (cerca de R$ 297,3 bilhões) em ajuda.
“Qual é o fim do jogo na Ucrânia? Qual é a nossa estratégia? Qual é o objetivo? Como teremos uma supervisão adequada desses preciosos dólares dos contribuintes? Lembrando, é claro, como acabei de observar, que temos US$ 34 trilhões [cerca de R$ 165,7 trilhões] em dívida federal. Esse é um assunto muito sério. Para enviar dinheiro à Ucrânia para ajudá-los no seu conflito, temos efetivamente de pedir emprestado a outro lugar”, disse o presidente republicano da Câmara, Mike Johnson, em uma entrevista no domingo (7).
Líderes dos Estados Unidos e da Europa têm reiterado o aviso de que, sem um aumento substancial de apoio financeiro da OTAN, as forças militares da Ucrânia provavelmente não terão sucesso contra a Rússia. Isso confirma de maneira explícita a visão de Moscou sobre a crise na Ucrânia como uma “guerra por procuração” entre a Rússia e as nações do bloco ocidental.