Brasil está indo na contra-mão do mundo e se aliando a paises orientais

Nos últimos tempos, a aproximação do Brasil com potências asiáticas como Índia, China e Rússia cresceu significativamente, seja por meio da colaboração no BRICS ou nos encontros do G20. Seria essa a orientação principal da política externa do Brasil atualmente?

O Brasil tem fortalecido seus laços políticos com países-chave da Ásia, principalmente em defesa da multipolaridade nas relações globais e questionando a hegemonia do Ocidente em instituições como o Banco Mundial e o FMI. Essa aproximação, especialmente com a Índia, a quinta maior economia global e em ascensão para o terceiro posto, remonta ao início dos anos 2000 por meio do grupo IBAS (Índia, Brasil, África do Sul), focado em posturas comuns em questões internacionais.

Embora as trocas comerciais entre Brasil e Índia não reflitam totalmente o potencial político, as exportações brasileiras, especialmente no setor alimentício, vislumbram boas oportunidades. Com uma classe média indiana de mais de 300 milhões de pessoas, comparável à população dos EUA, representa um mercado substancial para o Brasil e outras potências emergentes.

Além disso, a Índia busca criar uma aliança global de biocombustíveis envolvendo Brasil e EUA, buscando compartilhar tecnologias. Com seu crescimento econômico sólido, a Índia tem aspirações geopolíticas que a impulsionam a investir na transição energética. Assim, a expertise brasileira em energia limpa pode cooperar para metas de transição mais sustentáveis.

Em 2024, durante o encontro do G20 no Brasil, espera-se que líderes como Narendra Modi e Lula discutam esses temas e outros da agenda internacional.

As relações entre Brasil e China passaram por mudanças notáveis desde o início dos anos 2000, impulsionadas por fatores econômicos, políticos e sociais. A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil após a Crise Financeira de 2008, buscando recursos como soja, petróleo, minério de ferro e carne para sustentar seu crescimento econômico. Esse intercâmbio foi crucial para o crescimento econômico brasileiro durante os primeiros mandatos de Lula.

Além do comércio, a China investiu em diversos projetos de infraestrutura no Brasil, desde energia renovável até transporte. No campo político, ambos fortaleceram laços por meio do BRICS e G20. A visita de Lula à China no ano passado visou solidificar essa parceria em áreas como comércio, mudança climática, segurança alimentar e governança global.

No BRICS, Brasil e China compartilham uma visão de reforma das instituições internacionais para melhor representar o atual poder global. Para o Brasil, essa colaboração política significa diversificar parceiros fora da região, reduzindo a dependência dos EUA. Adicionalmente, o Brasil busca aproveitar a expertise chinesa em inteligência artificial e telecomunicações para impulsionar seu desenvolvimento tecnológico.

As relações entre Brasil e Rússia têm se intensificado em diversas áreas, apesar das sanções do Ocidente contra Moscou em 2022. O comércio bilateral cresceu mais de 30% naquele ano, atingindo quase US$ 10 bilhões. Apesar de ainda ser limitado em comparação com outros parceiros, ambos os países expressaram interesse em expandir essa cooperação.

Politicamente, Brasil e Rússia defendem princípios como a multipolaridade e o multilateralismo nas relações internacionais. A parceria se estende à colaboração científica e tecnológica, especialmente em energia nuclear e exploração espacial, onde os russos têm expertise reconhecida.

Sobre o conflito na Ucrânia, o Brasil, embora tenha considerado incorreta a operação militar de 2022, compreendeu as preocupações geopolíticas russas, principalmente em relação à OTAN e à situação na região leste europeia.

Apesar das pressões, o Brasil não aderiu às sanções contra Moscou, mantendo espaço para continuar sua cooperação com a Rússia. Isso reflete uma mudança na política externa brasileira, que cada vez mais se volta para a Ásia, acompanhando o deslocamento do centro econômico global.

Essas considerações indicam uma crescente interdependência do Brasil e da ordem global com a Ásia no século XXI. Opiniões expressas neste texto podem divergir das da redação.

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