Por que a Coreia do Norte está testando mísseis hipersônicos

A Coreia do Norte disse nesta segunda-feira que testou um novo míssil hipersônico de combustível sólido

A Coreia do Norte encontra-se atualmente em meio a uma crescente corrida pela próxima geração de foguetes de longo alcance, caracterizados por sua capacidade de serem difíceis de detectar e interceptar.

Esta corrida tecnológica não é exclusiva da Coreia do Norte, já que Estados Unidos, China, Rússia e outros países também têm investido significativamente no desenvolvimento de armas hipersônicas ao longo dos últimos anos

Como funcionam os mísseis

Os mísseis hipersônicos geralmente transportam uma ogiva que se desloca a mais de cinco vezes a velocidade do som, atingindo cerca de 6.200 km por hora (3.850 mph). Essas armas frequentemente realizam manobras em altitudes relativamente baixas, tornando-as desafiadoras de serem rastreadas e interceptadas.

Apesar do termo ‘hipersônico’, analistas destacam que a característica principal dessas armas não é apenas a velocidade, que por vezes pode ser igualada ou até superada por ogivas de mísseis balísticos convencionais, mas sim a capacidade de manobra.

O primeiro teste de míssil hipersônico realizado pela Coreia do Norte em 2021 apresentou uma ogiva em forma de planador. Já um lançamento ocorrido em 2022 utilizou, conforme relatado por autoridades militares e analistas sul-coreanos, um veículo cônico de reentrada manobrável (MaRV). Este dispositivo consiste em uma ogiva de míssil balístico capaz de realizar manobras para atingir um alvo específico.

A mídia estatal norte-coreana anunciou que o teste realizado no domingo teve como objetivo avaliar a confiabilidade dos novos motores de combustível sólido de alto impulso e multiestágio, assim como uma ogiva hipersônica controlada e manobrável de alcance intermediário.

A combinação de um veículo planador com um míssil capaz de lançá-lo parcialmente em órbita, conhecido como sistema de bombardeio orbital fracionário (FOBS), pode potencialmente privar os adversários do tempo de reação e dos mecanismos de defesa tradicionais.

Os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), por outro lado, carregam ogivas nucleares em trajetórias balísticas que viajam para o espaço, mas nunca alcançam a órbita.

Quem lidera a corrida?

A China realizou o lançamento de um foguete contendo um veículo planador hipersônico em 2021, que percorreu o espaço ao redor do globo antes de iniciar sua descida em direção ao alvo. O veículo errou o alvo por cerca de três dezenas de quilômetros.

No início do mesmo ano, a Rússia conduziu com sucesso o teste de um míssil de cruzeiro hipersônico Tsirkon (Zircon), elogiado pelo presidente Vladimir Putin como parte de uma nova geração de sistemas de mísseis. Moscou também testou a arma a partir de um submarino e de uma fragata pela primeira vez.

Em setembro de 2021, os Estados Unidos anunciaram ter realizado o teste de uma arma hipersônica que respira ar, o que significa que ela mantém o voo por conta própria através da atmosfera, assemelhando-se a um míssil de cruzeiro. Esse foi marcado como o primeiro teste bem-sucedido dessa classe de arma desde 2013.

Objetivo da Correa do Norte

Em uma reunião crucial do Partido dos Trabalhadores em janeiro de 2021, o líder norte-coreano Kim Jong Un destacou a segurança das armas hipersônicas como uma das cinco principais tarefas em um plano quinquenal para aumentar o poder militar. Essas metas incluíam também o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) de combustível sólido e um submarino nuclear.

A Coreia do Norte realizou seu primeiro teste de míssil hipersônico em setembro de 2021, designando-o como uma ‘arma estratégica’ destinada a fortalecer suas capacidades de defesa, embora alguns analistas sul-coreanos tenham descrito o teste como um fracasso.

Em janeiro de 2022, autoridades de Seul relataram que a Coreia do Norte testou outro míssil potencialmente hipersônico, que voou a altitudes relativamente baixas, atingindo até 10 vezes a velocidade do som (12.348 km/h / 7.673 mph).

O lançamento ocorrido no domingo envolveu o que seria o primeiro míssil movido a combustível sólido de Pyongyang, facilitando um lançamento mais rápido com pouca preparação.

Durante uma rara visita à Rússia em setembro passado, Kim inspecionou os mísseis hipersônicos de Moscou, entre outras armas.

Porque isso importa?

O impulso global em direção às armas hipersônicas reflete uma corrida armamentista em que nações asiáticas menores buscam desenvolver mísseis avançados de longo alcance ao lado de grandes potências militares.

Armas hipersônicas e o conceito de FOBS (sistema de bombardeio orbital fracionário) podem suscitar preocupações, pois têm o potencial de contornar sistemas de defesa antimísseis e de alerta precoce.

“Chang Young-keun, professor da Universidade Aeroespacial da Coreia, observou: ‘A Coreia do Norte parece estar tentando desenvolver mísseis hipersônicos e mísseis balísticos de alcance intermediário baseados em propulsores de foguetes de propelente sólido’. Ele enfatizou que ‘mísseis hipersônicos de médio e longo alcance seriam particularmente úteis para atingir Guam, evitando assim o sistema de defesa antimísseis dos EUA’.

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